sexta-feira, 20 de junho de 2014
O futuro a prestações
Escrevo no calor, mais precisamente, no frio da Copa de 2014.
O Brasil está na expectativa de passar para a fase do mata-mata, onde Felipão irá usar de todos os artifícios para fazer de um time de um ídolo só, Neymar, um campeão.
Na ruas, resquícios dos manifestos do outono de 2013, na figura dos selvagens black blocs.
De novo o país apertou o "pause" de seu projeto de construção do futuro, dessa vez exibindo 12 estádios padrão FIFA como cartão de visitas para o mundo.
E depois da Copa?
Ora, depois da Copa é mais do mesmo, é se afogar em barris de chopp em caso de conquista ou, caso contrário, recolher os caquinhos da sonhada sexta taça.
Inevitável o gosto de ressaca de um pós-Copa que irá preceder uma eleição presidencial.
Depois de dropar uma onda favorável na economia mundial, o país se encontra boiando no mar flat da incerteza: vai ou não vai?
De país do futuro, passou ao país do futuro iminente e, rapidamente, para o marasmo do presente.
Se antes a expectativa de felicidade do brasileiro era projetada a cada 4 anos, agora ele percebeu que quer tudo para já.
O alvo não está mais no título de campeão do mundo, que só queremos de volta para o lugar a que sempre pertenceu.
Ao experimentar o gostinho da geladeira cheia, passamos a sonhar com degraus mais altos.
E são várias as escadas que pedem para serem galgadas, sem que tenhamos preparo e fôlego financeiro para tanto.
Tropeçamos na falta de infra-estrutura e principalmente, na falta de vontade de mudar.
Pra que mudar?
Já não vivemos o sonho alcsançado da TV de 45 polegada?
Ou do churrasco na laje toda semana?
Diriam as elites: tá ótimo assim.
Só que não.
Quem nunca teve, se lambuza e o brasileiro agora quer o pote de mel inteiro.
Daqui pra frente não adianta mais oferecer garantias até a próxima Copa.
O discurso e eleitorado nunca foram tão imediatistas.
Resta saber quem terá o equilíbrio entre promessa e realização para conduzir o país nesse processo arrastado de encontrar um futuro possível, ainda que não o sonhado por todas as gerações anteriores.
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