Uma vez alguém disse que o rock era para jovens, porque o discurso libertário adolescente não condiz com marmanjos de 30 ou mais.
Faz sentido.
Aos 30 ou mais muita gente já formou família, teve filho, naturalmente fica mais difícil sair por aí levantando bandeiras revolucionárias.
Como na citação, "Aos 20 você é incendiário, aos 40, bombeiro".
Na verdade os impulsos juvenis já se extinguiram, então normal que as bandas de rock fiquem vivendo do passado.
E que fãs do rock continuem ouvindo por saudosismo, ou porque chegaram à meia idade e precisam reviver os anos dourados de suas vidas.
O ponto de discussão aqui é se arroubos de juventude fazem sentido em outras fases de vida.
Porque independente da idade, as pessoas continuam a se apaixonar por pessoas, projetos, idéias, causas.
Mas agora já sabem que a paixão não será eterna e nem levará ao êxtase esperado, coisa que aprenderam com as desilusões da vida.
Pode então a paixão ainda invocar o melhor de nós?
A vontade genuína de mudar e nos transformar?
Ou será que, já escolados pela experiência, começamos a desenhar a queda do castelo de cartas antes de começar a construí-lo?
Pode ser.
É de se supor que a ignorância saudável dos jovens os impulsione ao acerto.
São mais flexíveis aos erros, porque a vida ainda não lhes endureceu a articulações mentais.
E a transposição dos riscos é que fazem qualquer projetos passar a arrebentação, fazendo analogia o surf, um esporte que depende da capacidade de "levar caldo".
Então a capacidade de um quarentão de fazer uma mudança de rota substancial depende de uma couraça psicológica proveniente de uma forte personalidade, tenha ela uma origem atávica ou desenvolvida durante a vida.
Arriscar-se a um novo projeto depois dos 40 exige muita força de propósito, onde a paixão deve alimentar a disciplina redobrada a esss altura da vida.
A paixão deverá mover os apaixonados, neste caso o diletante e seu sonho, em direção a um final feliz.
Para talvez começar tudo de novo, num eterno ciclo de construção e destruição que não é nada senão a metáfora da existência.
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