terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sabe de uma coisa?

Ao pé da letra a frase "A vida começa aos 40" pode ser interpretada erroneamente, como um alento a quem já passou pelos melhores anos da juventude ou um consolo nostálgico a quem nem chegou a viver intensamente sua fase dourada.
Mas só quem atingiu essa idade sabe o que isso significa.
Aos quarenta estamos livres - ou deveríamos estar - do fantasma da expectativa do porvir, aquela projeção do que você idealmente seria aos 30 e poucos anos.
No passado todo mundo acalentou um sonho do que poderia alcançar no ápice do seu potencial, e boa parte das pessoas - exceto as foram privados da sua potencialidade por carência de suas necessidades básicas - projetou para si mesmo um lugar ao sol que nem as próprias pessoas puderam na época dimensionar.
Mas elas chegam aos 35, 40 anos e constatam que suas vidas passaram muito ao largo do sonho.
Ou tomaram rumo diferente, em bifurcações que a vida nos oferece.
Muitos castelos de cartas foram desmoronados no caminho. E outros, feitos dos mais diversos materiais, se ergueram no lugar.
Se aos 40 você atingiu ou não o pódio planejado, pouco importa.
Aos vitoriosos caberá descobrir se as batatas alcançadas tinham mesmo o sabor imaginado.
E a partir daí, passar a buscar outro tipo de tubérculo.
Aos que sucumbirem ou acharem que sua busca foi em vão, restará o alívio de acordar do sonho - ou pesadelo - livres como nunca.
Mas desses sentimento, só os sábios desfrutarão.
A clarividência de que às vezes nos impomos tarefas que só a nós faz sentido só chega para quem consegue fazer o balanço dos 40 com sabedoria.
Porque é grande a chance dos "fracassados" se enredarem em novas missões auto-impostas substitutas dos sonhos juvenis.
E continuarem suas vidas nesse moto-contínuo de auto-flagelo de libertação.
Porque ainda não entenderam que a maior vitória todo mundo já alcançou: a de perceber que não há vitória a ser perseguida.



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