A sobrevivência orgãnica, relacionada à saúde, é a primordial, diz respeito às funções básicas do corpo como comer, beber, respirar, dormir.
Enfim, é a sobrevivência por essência, a luta do corpo pela continuidade de suas funções que permitem manter o indivíduo vivo.
Mas, satisfeitas as funções vitais, podemos enumerar outros tipos de sobrevivência, principalmente as do ponto de vista psicológico.
A proteção da auto-estima, por exemplo, que protege o ego humano da destruição por experiências como o fim de um relacionamento, de uma carreira, de um sonho a que o ser em questão se encontra muito apegado.
Mas o ponto a que eu quero chegar vai além dessas modalidades de sobrevivência.
É uma indagação não sobre a sobrevivência imediata, mas a uma sobreviva relacionada à qualidade de vida do indivíduo.
A questão é: quanto mais a pessoa vive em conformidade com sua essência, não estaria ela mais propensa a uma vida longa?
Não estou considerando escolhas como se alimentar bem ou respirar um ar mais puro.
Me refiro a escolhas como viver de acordo com os princípios e aspirações estritamente individuais.
Como por exemplo, a "teimosia" de um artista em viver em função de sua arte, ainda que ela não renda a recompensa financeira nem pessoal.
Poderia também incluir aí as pessoas que abriram mão de um estilo de vida materialista por um jeito mais "light" de ser, às vezes de uma forma radical, como virando monges ou se dedicando integralmente à espiritualidade.
A questão que coloco é: não será o instinto de sobrevivência, em qualquer nível, ligado à sobrevivência em si?
Em outras palavras, executivos que lutam contra sua natureza não estariam se matando aos poucos?
Assim como artistas que não dão vazão ao seu instinto de criar não começariam a definhar?
Conheço um escritor que apresentou melhoras em seu estado de saúde assim que largou uma profissão que o consumia pelo exercício de sua arte em tempo integral.
Defendo que sim, que estar em sintonia consigo ajuda e muito na saúde.
Entendo que os consultórios de psicanálise não são altares para o pranto de mimados, pelo contrário, são importantes agentes para a cura de mentes e consequentemente, corpos doentes.
Daí a importância de compreender os recados que o corpo dá o tempo todo, quando não seguimos as diretrizes de vida que ele aponta.
São mensagens cifradas, manifestadas sob a forma de conflitos, geralmente em momentos de silêncio interior, quando não são abafados pela nossa ânsia de ocupar a mente com qualquer porcaria que se apresente.
Esses remédios para nossas angústias só podem ser manipulados pelo farmacêutico interno de cada um, e requerem vontade para serem elaborados.
Às vezes conseguimos acessá-los, às vezes não.
Muita vezes, precisamos de remédios novos porque os antigos já não fazem efeito, pois em cada etapa da vida as necessidades são diferentes.
Resumindo, nem só de pão e vinho vive o nosso organismo.
O alimento ideológico que escolhemos ou que a vida escolheu para nós, é tão essencial quanto.
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