Apregoam os defensores da educação rígida que não se deve passar a mão na cabeça das crianças.
Porque ao contemporizar quando se deveria puxar o cabresto, estamos passando o recado errado.
E não existe nada mais nocivo para o cultivo de cérebros virgens do que a ambivalência.
Mas eu tenho tantas dúvidas quanto à eficácia do cafuné quanto da cinta cantando no lombo, como faziam os pais de antigamente.
Não é à toa que hoje se adota uma estratégia punitiva mais amena, tanto por causa do que já foi descoberto em termos de educação infantil, quanto pela culpa parterna de estar mais ausente do convívio com os filhos.
Mas isso não é um tratado sobre educação infantil e sim apenas uma discussão sobre o "passar a mão na cabeça".
Será que não fazemos isso em nós mesmos em demasia durante toda a nossa vida?
Se perdoar pelos erros é salutar, mas na medida em que passsamos a mão em nossas próprias cabeças, não estaremos deixando um porta aberta para que os erros se repitam?
Ou pior, para que não encontremos uma solução para nossas próprias deficiências?
Num artigo sobre a procastinação, o autor dizia que um dos maiores erros que cometemos é usar a paixão ou o otimismo como combustível para o cumprimento de prazos.
Quando deveríamos usar bases mais realistas, como pensar nas consequências de não se cumprir as tarefas.
Ou na satisfação da realização quando se está progredindo.
Porque a maioria dos artistas e profissionais bem sucedidos não basearam suas estratégia de execução de tarefas em aspectos etéreos como inspiração.
Eles simplesente definiram uma rotina de trabalho sem concessão para si mesmos, sem "passar a mão na própria cabeça".
Talvez seja essa a diferença entre autores e espectadores, os que fazem acontecer e os que deixam a vida passar.
De acordo com o escritor Rodrigo Fresan, os que fazem não tentam entender o mundo antes de começar a fazer.
Eles não desperdiçam a vida passando a mão na própria cabeça.
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