sexta-feira, 8 de abril de 2016

A lente da arte

Eu adoro ler.
Gosto de cinema, de arte, de música.
Mas para mim, nenhuma dessas "artes" substitui ou supera o cheiro da página impresssa.
É impagável o insight que escritores talentosos provocam ao relatar coisas e fatos banais da nossa vida.
Aliás, para eles não existem banalidades, apenas coisas sobre as coisas um olhar perscrutador não se deteve o suficiente para compreender a vida.
Por falar nisso, hoje em dia padecemos de distração crônica, uma disfunção cujo principal malefício é nos cegar diante do óbvio.
Nossa relação simbiótica com a natureza, por exemplo.
Todo mundo sabe o quanto faz falta o pisar descalço sobre a terra úmida, assim como o vai e vem das ondas do mar.
E no entanto, a maioria de nós está muito "distraída" para considerar a essas necessidades.
Nossos compromissos sociais, as atribuições de família, as metas de sucesso profissional, enfim, o combo da vida moderna joga nossas necessidades mais primitivas para o modo stand by.
Não que isso passe despercebido.
O radar interno acusa a falta dessa energia no nosso espaço aéreo, mas compensamos a lacuna com indulgências de vitrine, sempre ávidas pela próxima promessa do capitalismo prozac.
Mas o corpo, que de bobo não tem nada, sempre manda seus discretos sinais de alerta para que o cérebro faça a devida correção de rota.
Portanto, ajuste sua parabólica e se perceba de vez em quando.
Para estar a bordo de sua vida mais elementar é preciso desligar os aparelhos eletrônico.
Sair do modus operandi de consumista para receber sua vida de bandeja, sem nenhuma conta a pagar.
Não é preciso ver o que está errado com a vida.
Apenas abrir os braços para o que sempre esteve certo.

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