Li pouco de Oscar Wilde.
Dorian Gray, presente em 10 de 10 anais da literatura clássica, foi obrigatório.
Fora este, li apenas aforismos e no momento leio "Contos de Fadas".
Não li nenhuma de suas peças.
Há quem pense que ele não é um primor de técnica de escrita, mas Wilde está longe de passar despercebido na história da literatura.
À qualidade de "Retrato de Dorian Gray" e outros escritos, some-se sua figura controversa de intelectual excêntrico e ácido, que foi preso por ser homosexual, à época considerado um crime, e você terá uma personalidade que marcou época.
Para mim, Oscar tem lugar de destaque na estante por seus aforismos de uma acidez incomum, que pode não refletir minha opinião e talvez nem a do autor, mas destila um veneno classudo de dar inveja.
Como o que intitula esse post, "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe".
Acertou na mosca o Oscar.
Naquela época, de muita dificuldade para sobreviver, a frase fazia ainda mais sentido.
Mas não podemos afirmar que faça menos sentido hoje.
Pois passadas décadas, a maioria da humanidade continua lutando bravamente por condições básicas de sobrevivência.
E a tendência é a coisa piorar com o esgotamento dos recursos naturais.
Claro que o apenas existir não está restrito apenas a quem tem poucas condições financeiras.
Hoje vemos uma sociedade intrincada em outras modalidades de sobrevivência, que vão além de comer e respirar.
Sobreviver na sociedade moderna, mesmo à época de Oscar Wilde, também significa se adaptar às exigências de status e convivência com seu meio, que implica uma série de sacrifícios.
Entre eles, a abnegação de si mesmo, de seus ideais e sonhos, em função da manutenção do status, da adaptação a rótulos de um mundo frio e preconceituoso.
Estar preso às obrigações de sucesso e modismos nos restringe como seres humanos, ao impedir que experimentemos alternativas aos ditames do capitalismo, que se retroalimenta do nosso medo de exclusão.
Daí que Oscar, que embora fosse um prestigiado e reconhecido artista não escapou do preconceito dos seus pares, concluísse que viver era para poucos.
Os poucos que teimam em se afirmar como indivíduos num mundo que abate sonhos pelos calcanhares.
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