domingo, 13 de dezembro de 2015

A pena de quem escreve

Esses dias estava discutindo a diferença entre a vaidade de médicos, publicitários, advogados e artistas.
Estávamos conjecturando sobre se os artistas seriam os mais vaidosos.
Chegamos à conclusão de que, de uma certa forma, sim.
Porque profissionais liberais têm sua fama reconhecida dentro de seus grupos.
Fora de seus grupos, apenas quando financeiramente bem sucedidos, daí não estamos mais falando de pura competência profissional.
Mas no caso dos artistas, raramente eles são financeiramente recompensados.
No entanto, sua competência artística não reconhece fronteiras, eles desfilam seu talento e são reverenciados onde estiverem.
Afinal, a música, a escrita, a pintura, etc são universais, não?
Então uma certa empáfia dos artistas, de se considerarem especiais de alguma forma, é até perdoável.
Em muitos casos eles abraçaram uma paixão em tenra idade e desafiaram o modus operandi da sociedade ao optar por viver em sua maioria de bicos para se dedicar à sua arte.
Há que se louvar esse gesto, mas será mesmo que foi uma decisão dura e difícil?
Ao que parece e Rilke não me há de negar, os artistas o são porque simplesmente receberam um chamado especial e resolveram dar ouvidos.
Alguma chama interior latente só estava à espera de uma fagulha do destino, e traçar sua vida a partir desse encontro, apesar de muito doloroso, foi uma trajetória natural.
Não há escritor ou músico que não reclame pela sociedade ser tão insensível aos seus encantos, em detrimento de lixo cultural que "bomba" nas rádios e nas muitas telas da era da hiperconectividade.
Mas também não se vê lamentos de "deveria ter ouvido meu pai" ou coisa parecida.
A opção pela vida de artista is not an option.
É só o fluxo natural da vida.
Nenhum artista chegou aos seus 17 imberbes anos numa prova de vestibular sem uma opcão de carreira bem definida.
A dúvida é apenas pelo meio de subsistência, porque a carreira o talento já definiu para ele.
Por isso não tenho nenhuma pena dos artistas.
E tenho uma certa antipatia pela sua empáfia.
Será inveja?

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