Alguns podem se orgulhar de serem pessoas encaixadas, as que atendem às expectativas da sociedade, dos modelos de beleza, de sucesso, de modismos, indivíduos icônicos do ajuste social.
A não ser dormir tranquilamente na sua ilusão de bem-aventurança, não vejo nenhum mérito nisso.
Encontrar eco para sua voz é importante, faz bem para o ego, mas não é necessário.
O homem é um sobrevivente, e sua subsistência passa ao largo das armadilhas do ego, ainda que seja o tempo todo seduzido por elas.
A gente não vive da embalagem, mas do conteúdo.
Mesma nossa carcaça psicológica depende apenas da alimentação básica, prescinde da gordura trans social que nos empanturra.
Mas é mais fácil se deixar levar pela onda do que remar contra.
Por isso não contestamos os modelos impostos.
Os produtos de consumo impostos.
As novas regras sociais impostas.
Deveríamos olhar para nós mesmos e, com olhar sábio, perceber se estamos conduzindo nossas vidas para a bem-aventurança.
Aventura, disso é feita a vida.
As raízes são importantes, assim como os projetos que se desenvolvem tijolo a tijolo.
Mas faço aqui uma ode ao inexato, ao inesperado, ao inconclusivo.
Valorizo a importância de incerteza para que os caminhos sejam errados e os dias terminem mágicos.
Não ter certeza é um direito daqueles que preferem olhar o horizonte sem a convicção do planeta redondo, mas com a probabilidade de se atirar no precipício.
Conclamo mais friozinhos na barriga, mais nervosos de ante-sala de espera, mais pavor de primeira ou de última vez.
Pior não é o cordão umbilical que nos une aos nossos pais.
São as correntes das certezas que arrastamos ao longo da vida e que vão ficando pesadas com o acúmulo de limo dos caminhos.
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