Um blogue nada mais é do que um diário.
Um retrato escrito dos pensamentos e angústias de seu autor.
Dependendo do talento de quem escreve pode se tornar algo digno de publicação, como tantos coletâneas epistolares do passado.
No meu caso é mais uma conversa interna comigo mesmo, que externo na web sem nenhuma pretensão de ser lido.
Ao mesmo tempo, é um treinamento, uma tentativa de aprimoramento da escrita.
Dizem que o candidato a escritor precisa ler e escrever muito.
Não tenho tempo para fazer o dois na quantidade ideal, mas dentro da disponibilidade procuro balancear as proporções.
Livros são fundamentais, tanto para formar nosso estilo de escrita quanto absorver possibilidades narrativas.
Escrever é o exercício se possível diário, que aprimora a ligação neurológica entre a parte criativa do seu cérebro e o trabalho operário das pontas dos dedos.
Eu tenho procurado escrever o máximo que posso, e aos poucos percebo que se torna uma atividade mais mecânica, à medida que as leituras são absorvidas e o treinamento diário, somado.
Todo mundo que um dia se propôs a criar algo no terreno das artes se perguntou do que é feito o verdadeiro artista, além de carne e osso.
Seriam eles gênios, espíritos atormentados, talentos natos?
Ou simples mortais como nós?
Porque é difícil empreender um certo esforço sem saber aonde se pode chegar.
Mas talvez aí resida a resposta.
O artista não mede esforço nenhum, ele faz porque precisa e é o seu natural.
Ele não espera, embora deseje, retribuição pelo seu esforço.
Claro que no mercado de artes plásticas, por exemplo, não existe o conceito de arte sem o invólucro marqueteiro que o lança e o sustenta.
Mas falo da essência artística, a pureza do criador.
Aquele que deixa escorrer no papel ou tela a sua tormenta, independente do resultado artístico ou de reconhecimento.
Arte é canal do inconformismo humano contra o tédio da sociedade que ele criou pra si mesmo.
A sociedade da sobrevivência, da acumulação, da destruição da natureza.
O artista protesta em forma de notas, traços, letras.
Não que ele se professe o arauto da humanidade.
É só uma forma particular de expressão, que pode acender uma centelha em algumas consciências, mas provavelmente está fadada à indiferença.
A bravura dos artistas não deve ser admirada.
Ele não consegue ou não conhece uma alternativa de vida melhor.
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