Esse começo de ano tem me inspirado a escrever.
Não que eu entre no clima do "tudo vai ser diferente" que nos empurram com champanhe goela abaixo.
Pelo contrário, acho o começo de ano um tanto quanto hilário.
Às promessas sem fim que fazemos a nós mesmos se contrapõe a preguiça natural da ressaca pós reveillon, turbinada pelo calorzão de verão.
Uma contradição, portanto.
É que faz parte do necessário ritual de renovação um certo balanço geral de como anda a vida, e as auto-cobranças são inevitáveis.
Como se todas as promissórias das nossas vidas tivessem vencido em 31 de dezembro e agora os juros estivessem correndo solto a galope.
Mas se você não é pragmático a ponto de colocar deadline pra tudo num caderninho, os prazos dos seus sonhos devem ser como os meus, indefinidos.
O que dá no mesmo que dizer, "se der, eu faço esse ano".
No fundo sabemos que não passa de auto-engano.
No fundo também sabemos que são sonhos, e não projetos.
No terreno dos sonhos tudo é possível e, o mais importante, tudo aconterá num passo de mágica.
A verdade é que tudo dá muito trabalho e bancar a realização é para poucos.
São os empreendedores de si mesmos.
Os que sabem o que querem e não medem esforços pra colocar um tijolinho por dia no castelo de seu sonho.
Pra empreender esse esforço é preciso confiança, vocação, garra, trabalho, decisão e principalmente, capacidade para se frustrar.
E esse conjunto de qualidades não é fácil reunir numa pessoa ou time.
Suponho que não existe prazo para entregar um sonho.
Os sonhos nos são entregues quando eles ficam prontos e eles não avisam os envolvidos.
Você acorda e vê o resultado.
Pode ser a qualquer dia e hora da sua vida.
Tomara que até lá você esteja vivo.
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