Ontem o entrevistado do Bola da Vez, programa de entrevistas da ESPN, foi um dos heróis da seleção de 82, Toninho Cerezo.
Estranho falar em herói de uma seleção que foi desclassificada na metade de uma Copa, mas todos os 11 daquele escrete foram sim heróis de uma das seleções mais icônicas da história do futebol mundial.
A seleção de 82, formada por quase 11 craques - as exceções, para mim, ficam por conta de Valdir Peres e Serginho Chulapa - deu um concerto de futebol na Espanha, e saiu de mãos abanando daquela fatídica tarde no estádio Sarriá, afundando a nau da maior nação futebolística num mar de lágrimas.
Para quem acompanhou o triste desfecho daquele jogo, basta citar "seleção de 82" para extrair um profundo suspiro de lamento.
E quantas vezes também não lamentamos a derrocada daquele sonho pessoal, a nossa "seleção de 82" particular?
Isso vale para um projeto profissional, uma grande paixão, qualquer coisa que você produziu e sentiu que tinha uma obra-prima nas mãos, mas que desandou pelo caminho.
Suando frio, segurávamos com todas as unhas a canastra limpa da reviravolta de nossas vidas, mas o vento bateu e as cartas voaram pela janela pra serem pegas pelo próximo Midas.
Então vivemos à espreita daquele próximo momento mágico, sem perceber que é impossível.
Já não somos o mesmo mágico de antes, com a segurança de sacar da cartola quantos coelhos forem necessários.
Conjugamos o verbo hesitar mais vezes do que gostaríamos.
Por isso, não conseguimos reproduzir as condições de frescor necessárias para produzir uma nova obra-prima.
E duvidamos que aquele seleção de 82 particular que conseguimos reunir no passado é de fato um compilado do melhor possível.
Será que Zico que você criou era bom mesmo?
Aquele passe de calcanhar do seu Sócrates era pura magia ou firula improdutiva?
Difícil dizer, porque a sua obra-prima não saiu do papel.
Assim como a seleção de 82 não materializou a merecida taça no pedestal do inconsciente coletivo nacional.
Ficamos no quase e o "quase", quase sempre é mais doce do que a realidade.
É do quase que a seleção de 82 ainda habita soberana o nosso sonho de perfeição.
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