Hoje eu ouvi Skid Row novamente.
Eu não sei classificar bandas de rock, não sei distinguir rock melódico do heavy metal, nada disso.
Aliás, não é isso que importa pra o que eu quero falar.
Quero falar do poder dos solos de guitarra e dos vocais rasgantes de nossas bandas favoritas.
Esses sons ancestrais que fazem eco no túnel do tempo de nossas vidas.
As músicas que evocam o que de melhor a gente acreditou que poderia ser.
E que a gente era, mas não sabia.
Cabeças ingênuas, almas puras, sonhos em rosto imberbe, partículas de um projeto coletivo.
Do tempo em que o ideal socialista não soava como um projeto fracassado, soterrado pela ganância de quem chega pra salvar e acaba se afundando na própria merda.
Havia brilho nos olhos e eles não refletiam os cifrões de um salário polpudo.
Havia entrega, sonho, delírio.
Havia projeto de gente decente.
Até que a multidão assassinou o ideal coletivo.
A garotada de hoje mimetiza os mortos-vivos que vêem nos seriados de TV.
Regurgitam o velho ideal do sucesso individual, do cada um por si.
É a geração que almeja carreiras meteóricas e acabam como satélites à deriva de sonhos que nunca tiveram.
Por isso eu evoco os ruídos da minha adolescência.
Os delírio dos porres que tomei, inebriado pelos petardos de guitarra na pista do clube alternativo.
Eu quero a redenção do jovem que fui para que ele continue ocupando o trono vazio deixado por essas gerações sem berço ideológico.
Chega de hipsters, cultura de brechó e afins.
Chega de reverenciar ídolos no altar do consumo.
Prefiro ser o bunda-mole que me tornei à aderir ao bunda-molismo instituído por quem não sabe o que é se revoltar.
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