quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Perdeu-se a magia, tratar com você mesmo.

Quando o homem vivia em clãs a magia era tão necessária e presente em sua vida quanto o Bolsa Família.
Nada causava estranheza aos olhos de um ser humano mais conectado com a natureza e nada tecnocrata.
Mas daí veio a ciência para condenar tudo que não fosse empírico, a cercear nosso instinto.
Paramos de pensar com todos os nossos sentidos.
Passamos a reverenciar o cérebro e colocamos cientistas e empresários como Einstein e Steve Jobs não apenas no rol dos gênios, mas também no panteão dos ídolos.
Ok, explicar a matéria e fazer telas comandadas pelo toque humano também são mágicos, mas o fato de vir com manual do usuário já tira toda a graça.
A magia que anda escassa é a da crença.
A crença ingênua, a do artista, dos apaixonados, do homem que vive numa eterna transmutação entre adulto e criança.
Entre o jovem que acreditava num mundo de possibilidades infinitas e o adulto que só enxerga o preto no branco, ficou um abismo de possibilidades perdidas.
Podemos fazer a descida de volta para resgatá-las? Claro que sim.
Como também preparar o terreno para que coisas novas brotem.
O problema é a falta de tempo e espaço.
A necessidade de sobrevivência mingua nossas oportunidades de explorar o auto-conhecimento.
Os que ganham mais do que para comer, se auto-congratulam com o consumo de luxo, justificando as horas extras, as noites mal dormidas, o stress que debilita a saúde.
Nada contra uma bela moradia, bons carros e viagens exóticas.
Só que as horas do seu traseiro colado na cadeira do escritório são as mesmas do convívio com a natureza, a arte, pessoas diferentes, enfim, do livre vagar por aí sendo apenas você.
Por isso há que se pensar se a compensação do capitalismo não anda por demais descompensada.
Estamos nos contentando com pouco.
Ha algo errado quando o post da praia paradisíaca é mais importante que sentir a areia nos pés.

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