terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Você anda vendo muito filme americano

Você já deve ter ouvido essa frase de alguém, quando por exemplo, levantou uma hipótese com mais cheiro de fantasia do que da nossa pacata rotina.
É que os americanos, pela própria insistência em alimentar o tal sonho yankee, são mestres em florear, dramatizar, enlevar, espetacularizar o seu próprio dia-a-dia, transformando tudo que é vivido por lá num grande espetáculo.
Os filmes, embora de uma maneira exagerada, acabam refletindo esse sentimento de que nada na vida é tão banal que não possa virar um musical da broadway.
Lógico que vender o mito americano é parte fundamental da tarefa de manter sua hegemonia econômica e cultural sobre o mundo.
Um mundo que é ávido por consumir tudo que o show bizz deles é capaz de vender, afinal somos uma platéia assídua do espetáculo incessante chamado Estados Unidos.
Isso não é uma crítica direta ao regime econômico ou sistema de governo.
Antes disso, critico a idolatria cega que o resto do mundo devota ao Tio Sam.
O que o americano médio apresenta como ideal de life style está longe de ser um mode de vida equilibrado e feliz.
Fosse assim não veríamos os desajustes sociais que povoam os telejornais e suas obras de ficção.
Some-se a isso um constante sentimento de insegurança, alimentado pela indústria armamentista, e você terá uma sociedade doente, obcecada pela próxima catástrofe por vir.
Mas a impressão que dá é que o povo vive conformado com o status quo.
Parece que há uma aceitação velada de que esse é o preço a ser pago pela mais invejada e temida nação do mundo.
Uma nação formada por self-made men truculentos, partidários da eficiência, de gente que não titubeia para sacar uma arma na legítima defesa de si mesma.
Seu espírito vencedor nato é a mola mestra de uma sociedade materialmente bem-sucedida.
Mas não dá para deixar de apontar a empáfia americana de olhar somente para o próprio umbigo, não dando bola nem para sua mãe Inglaterra.
Os maiores defensores dos Estados Unidos rasgam elogios a um país "onde tudo funciona", mesmo que essa eficiência inclua as atrocidades que eles fazem em seus quintais espalhados pelo globo.
Mas "funcionar" é qualidade de engrenagem, de máquina.
Não da alma e do coração de um povo.


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