quinta-feira, 14 de julho de 2016

A realidade é outra

Os filmes de ficção científica sempre foram o melhor prenúncio do que viveríamos no futuro.
Alguns deles como Matrix abordaram nossa relação com um universo digital imaginário, algo semelhante ao que se confirma agora, com as experiências de realidade virtual se tornando cada vez mais comuns.
Talvez um dos melhores exemplos de que o limite entre vida real e virtual foi rompido sejam os campeonatos de games.
Em vez de se restringirem a batalhas virtuais dentro de uma sala com computadores, elas foram transpostas a ginásios com torcida organizada e tudo.
Os "atletas" - geeks viciados em computador - recebem tratamentos de astros, onde suas equipes disponibilizam alojamentos, alimentação, preparação física e acompanhamento psicológico. De quebra ainda ganham bons salários.
Claro que os campeonatos não se restringem ao interesse pelo jogo e jogadores, mas também se estendem a manifestações de cultura pop, onde parte da torcida se transfigura nos personagens dos games, os já tradicionais cosplays.
Mas para mim esse fenômeno cultural também é reflexo do distanciamento com experiências reais, de como parte da sociedade está preterindo o contato com pessoas e a natureza em função do gosto pela vida nas telas.
Filosofando um pouco sobre isso, especulo que o mundo fantasioso e alienante dos games, por sua natureza de transferência, seja mais gratificante e menos decepcionante para seus aficcionados, pois os exime dos desafios que a vida nos impõe.
Me parece emblemático que um campeonato de games peça uma platéia, uma arquibancada, o referendo de que se sentar diante de uma tela o dia inteiro é um propósito de vida.
Por anacrônico que eu possa soar, ainda acho o confronto das ruas mais saudável para jovens que queriam se tornar homens e mulheres destemidos.

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