Quem estuda narrativa sabe que "arco" é a curva que simboliza a estrutura de uma história.
O arco representa o desenvolvimento da narrativa, com curvas ora ascendentes e descendentes, cujas mudanças acentuadas denotam os pontos de virada, chamados pontos de inflexão.
O símbolo olímpico também é formado por arcos, que representam os cinco continentes.
Mas que também poderiam simbolizar a história de vida de todos os atletas participantes.
Afinal, é o ponto máximo da vida de um esportista, uma oportunidade única para grande parte deles, pois sua maturidade física e emocional raramente duram mais do que um ou dois ciclos olímpicos.
Por isso a Olimpíada, mais do que uma festa de congraçamento de raças - sobre a qual de novo paira uma ameaça terrorista - é a narrativa do drama de milhares de atletas, que vão verter suor, sangue e lágrimas por um momento de glória.
A maioria, claro, estará lá apenas para representar seus países e alcançar, se possível, as melhores marcas de suas vidas.
Uns poucos brigarão por medalhas e irão se candidatar a ícones da Rio 2016, protagonistas de mais um capítulo olímpico.
Mais ou menos midiáticos, esses milhares de heróis irão encarnar os bilhões de humanos que empunham uma caneta, uma enxada, uma vassoura, uma picareta, na labuta diária por um ideal que, guardadas as proporções, é a olimpíada de cada um.
Por isso nas 3 semanas que duram o evento provavelmente não vou desgrudar os olhos das telas que vão cobrí-lo.
Eu adoro um drama e as olimpídas estão recheadas de histórias que vão se desenrolando à medida que se revelam seus heróis, sejam eles super-heróis como Phelps e Bolt, ou os quase anônimos que se arrastam para cruzar uma linha de chegada.
Como um amante de boas narrativas, sou suscetível como poucos ao espírito olímpico e espero ansiosamente pelas primeiros acordes dos hinos no pódio.
Assim como pelos tombos, o choro, os arranhões, as refugadas de cavalo, o sumiço das varas de salto, a quedas dos favoritos, todos os elementos que constroem ótimas histórias baseadas em fatos reais.
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