terça-feira, 14 de junho de 2016

A ressaca que não passa

Hoje é o dia da segunda queda de Dunga na seleção brasileira, após a desclassificação na Copa América.
O substituto, Tite, maior arauto do futebol moderno dentro do Brasil, está prestes a ser anunciado como substituto.
Estamos a 2 anos do fatídico 7x1, o nosso 11 de setembro futebolístico que capou nosso até então maior orgulho nacional, o de sermos a terra prometida do esporte bretão.
Agora, por que demoramos tanto tempo para acordar?
Ora, como se fácil se refazer de uma surra dessas.
Durante anos nos arrogamos ser inquestionavelmente os melhores, os abençoados pelos deuses do esporte mais popular e mais amado do planeta.
Mesmo dolorosas derrotas eram atribuídas à falta de sorte, a um errinho bobo na preparação, a fatalidades desculpáveis que não chegavam a arranhar nossa posição de primazia.
No fundo no fundo nunca éramos derrotados.
No máximo caímos de pé ou fomos campeões morais.
Dentro do amadorismo festivo que caraterizou a gestão do nosso futebol, o culpado era sempre a falta de talentos ou de comando, mas nunca o esgotamento de um modelo.
Agora, sem uma geração de craques para disfarçar nossa falência, enfim acordamos da letargia para reconhecer que ficamos para trás.
O futebol evoluiu e carregou com ele os que cedo se aperceberam e se adaptaram.
Há tempos que ele é um esporte muito mais físico, coletivo e principalmente, organizado.
Dizer que seu sucesso depende de vários fatores, principalmente fora do campo, é insistir em algo que está evidente há muito tempo.
Essa quebra de paradigma e troca de guarda acontece o tempo todo, em todos os aspectos da vida.
Às vezes não queremos aceitar que nosso jeito de pensar não é mais imperioso em uma determinada atividade, que não somos mais o exemplo a ser respeitado e seguido.
As mudanças são mais facilmente aceitas em atividades onde elas são a essência, como a área de tecnologia.
Mas são de assimilação mais lenta num terreno onde a solução se fiou sempre na improvisação, na figura do herói capaz de na dificuldade sacar da cartola um gol mágico e salvador.
Por isso custamos a acreditar que a casa caiu.
Insistimos nos remédios do paternalismo e da linha dura, representados por técnicos de repertório tacanho como Felipão e Dunga.
Não que o Tite irá resolver tudo sozinho.
Ele é apenas a peça principal de uma engrenagem que precisa ser inteiramente recomposta.
Como a gente às vezes necessita refazer toda a rota para chegar a um destino desconhecido.
De preferência sem ter que levar um 7 a 1 pra recomeçar.

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