segunda-feira, 20 de junho de 2016

O pretinho não básico

Em qualquer atividade criativa, fazer o óbvio quase sempre resulta no melhor.
Lembro de uma idéia simples que uma agência de propaganda teve, onde foi criado um canal via skype entre os velhinhos de um asilo americano e os alunos de uma escola de inglês, propiciando que uns preenchessem sua solidão enquanto outros aprimorassem o idioma. Simples e efetivo.
Na verdade qualquer um que encare o papel ou a tela em branco se depara com a dificuldade de encontrar essa idéia poderosa, ao mesmo tempo que se encanta quando ela de repente resolve dar o ar de sua graça, límpida, preciosa.
Em geral, como bem disse um famoso publicitário, uma grande idéia é como uma pepita de ouro, você pode até dar a sorte de achar uma na superfície, mas em geral vai ter que cavar muito para encontrar.
O que faz sentido, porque em quase todos os ramos da criatividade, as linguagens estão há tempos esgotadas, e o que se faz é reinventar dentro do que já existe.
Isso é fácil de perceber, porque tudo que é dito novo guarda um ranço de já visto, percorrido, de releitura.
O que não invalida a "nova" idéia, às vezes até notabiliza o autor como alguém que transita pela linguagem e dela extrai novos pontos de vista.
Por isso, se você é um criativo, nunca se intimide diante de uma sinuca de bico.
Não menospreze as pequenas chances de glória.
Vislumbre as oportunidades escondidas atrás das moitas do óbvio.
Porque mesmo o preto, que no quesito cor de roupa é a solução tida como segura e convencional, pode se converter no não usual.
O pretinho só é básico até o subvertermos.




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