quarta-feira, 22 de junho de 2016

O mascote que nos escolheu

A mascote (o substantivo é feminino) de uma olimpíada costuma ser algum animal ou personagem folclórico representativo do país.
Os do Rio são uma mistura de animais e de plantas brasileiros. Os nomes, Vinicius para a mascote olímpica e Tom para mascote paralímpico, são homenagens aos nossos artistas, escolhidos em votação do público.
Tudo muito simpático e democrático se a tradicional desorganização brasileira não entrasse em cena e apresentasse mais duas mascotes ao mundo: os mosquitos aedes aegypt e aedes albopictus, vetores da dengue, zika e chikungunya.
Seria motivo de vergonha, se essa fosse a única mancha de falta de estrutura para um evento desse porte.
O mundo também já sabe que nas provas de iatismo, disputadas na Baía da Guanabara, os atletas serão expostos aos riscos de contaminação pela água poluída.
Na arena da natação, atletas que participaram do evento teste reclamaram do calor.
Foi construído outro velódromo porque o que havia sido feito para o Pan de 2007 estava fora dos padrões olímpicos.
Assim como tinha acontecido na Copa, há indícios de que houve super-faturamento nas obras do Rio.
São tantos problemas que nessa reta final de preparação o comitê organizador pediu um aporte de emergência para o "país não passar vergonha".
Na Copa e agora na Olimpíada, fica patente o nosso despreparo, expondo a falta de estrutura de nossas cidades e explica porque há tanto a se desenvolver no turismo.
Também evidencia que eventos desse porte deveriam ser restritos a países ricos, porque é sabido que o investimento feito, que é maior onde não há tanta estrutura, não dá retorno, muito pelo contrário, deixa elefantes brancos como os estádios da África do Sul e Brasil.
Porque não é preciso ir muito longe para perceber que por aqui há muitas outras prioridades de investimento.
Pode-se alegar que quando nos candidatamos para Copa e Olimpíada, o país passava por um momento econômico histórico, com ascenção da classe baixa e um otimimsmo vislumbrado no horizonte como nunca visto.
Isso explica, mas não justifica nossa euforia megalomaníaca que ignorou, por exemplo, o revés econômico pós-olímpico grego.
Se agora, sob efeito de uma crise decorrente do maior rombo financeiro da história, os investimentos na Copa e na Olimpíada passam ao largo da pauta dos noticiários, isso não ameniza nossa irresponsabilidade.
O Brasil não foi escolhido país-sede duas vezes por ser o emergente da moda.
Mas sim pela ganância de políticos, empresas e comitês organizadores que vêem nesses grandes eventos a oportunidade de lucrar ilicitamente.
A verdade é que somos vítimas de um mal endêmico que não é transmitido por um mosquito, mas pelos genes mal formados de gerações de maus governantes.

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