sexta-feira, 17 de junho de 2016

O ícone definitivo

Carisma é uma coisa inexplicável.
Coisa que por diferentes motivos se vê num Romário, num Lula (pelo menos, tinha), num Clinton, numa Gisele Bundchen, num Federer, o que não é consequência de fama e sucesso, mas antes causa destes.
Vou falar de Federer, cuja carreira acompanho há algum tempo.
Surgiu num hiato de talentos, quando a geração de Agassi e Sampras estava se aposentando, e sucessores como Hewitt, Safin, Guga, Roddick e Ferreiro, por falta de talento, cabeça ou físico, não davam mostras de poder se sustentar no topo.
Assim Federer foi acumulando conquistas e consolidando uma era, que só seria ofuscada pelo surgimento de Nadal, sua grande pedra no sapato.
Mas à parte ser um grande campeão, o que explica o magnetismo que Federer exerce sobre o público, sendo o preferido da maioria dos fãs de tênis?
É um pacote de virtudes que fazem dele o ícone perfeito de um esporte que ainda é de elite.
Começando pelo seu talento natural.
Federer faz parecer fácil jogar tênis, executando com perfeição um arsenal completo de golpes com uma ou outra deficiência.
Isso aliado ao seu espírito vencedor, o fez campeão de tudo, sendo até hoje o maior vencedor de grand slams, um marca que conta muito para aferir o melhor jogador.
Ele também se esmera em elegância, no jeito de se vestir e de se portar dentro de fora das quadras, outro item que conta pontos para o refinado ambiente do tênis.
Essa elegância, que inclui um casamento sólido e 4 filhos - sua esposa é uma ex-tenista que não chegar a ser uma beldade e não faz o tipo maria-raquete, o que ajuda - o capacitou para ser de longe o melhor embaixador para marcas de prestígio como Rolex, Moet & Chandon, Mercedes, Lindt, etc.
Consta que seu bom-mocismo e gentileza são naturais, atestado por um jornalista brasileiro, que estava hospedado no mesmo hotel de um Federer ainda adolescente e viu sua mulher receber uma gentileza do futuro campeão, que não só segurou um elevador quando solicitado por ela, como saiu de dentro para deixá-la entrar primeiro. Coisa de cavalheiro.
Ok, até em função de seu talento e um pouco de soberba, Federer tem uns defeitos que irritam seus fãs.
Por exemplo, devido a um estilo de jogo puramente intuitivo, ele é pouco aplicado taticamente, nunca joga em função do adversário e acaba perdendo jogos e campeonatos por puro orgulho.
Mas quem é fã do tênis clássico, plástico e competitivo de Federer com certeza sentirá uma ressaca quando ele se aposentar.
Um dia que está cada vez mais próximo, à medida que vemos seu tênis se tornando insuficiente para fazer frente a Djokovic e à geração com fome de bola que está subindo agora, onde se destacam Thiem, Kirgyos, Zverev e Coric.
Já dá pra imaginar Federer e Nadal se encontrando pelos quatro cantos do mundo e relembrando os bons tempos de sua rivalidade, coisa de que, com o domínio absoluto de um Djokovic brilhante mas insosso, conseguimos sentir uma nostalgia antecipada.





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