terça-feira, 28 de junho de 2016

Já Elvis? Nunca.

De todas as artes, para mim a música não figura entre as mais importantes, incompreensivelmente.
Não que não reconheça seu valor, longe disso.
É que não tenho a paixão, nem ao menos o hábito de escutar música.
Não colecionei vinis, nem CDs, nunca aguardei ansiosamente um show ou lançamento de álbum - isso antes da geração selfie chegar e denegrir o conceito de fã, porque no caso são apenas fãs de si mesmos.
Uma das maiores provas do meu flerte fracassado com a música é que fui conhecer Elvis pela sua faceta de ator - ok, ator dentro do que ele se propunha ser.
Lembro da sua presença na sessão da tarde, Elvis batia cartão em filmes açucarados onde representava a si mesmo, geralmente algum aventureiro sempre com um violão à tiracolo.
Pelos seus papéis despretensiosos, ficava evidente que o filme era apenas mais uma vitrine do Rei do Rock.
Mas na época eu não me dei conta disso.
Não conhecia a dimensão do ídolo, a revolução que representou sua música e estilo para o show bizz.
Tanto que mais tarde, a figura já decadente e melancólica do astro me provocou uma estranheza, como se Elvis não fosse Elvis, pelo menos não o que conheci.
Sua morte por overdose me chocou, como se uma rajada de vento derrubasse inopinadamente o castelo de cartas da minha infância, que tinha no sorriso eterno de Elvis um dos seus pilares.
Quando as pessoas dizem que Elvis não morreu, para mim faz todo sentido, ainda que de outra maneira.
Aquele Elvis de infância, que me fez gostar mais de passar tardes colado na TV do que na vitrola, permanece vivíssimo na memória como a imagem do sol se pondo em mais um fim de tarde da infância.
E o sol, assim como Elvis, morre e renasce dia após dia.

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