terça-feira, 14 de junho de 2016

Sobre "O cavalo de Turim"

Os filmes ditos de arte são assim chamados porque deles podemos esperar um outro tipo de experiência: a contemplação.
Não que não existam filmes que se sobressaiam pela narrativa e que sejam também igualmente belos.
Mas existe um tipo de filme onde o que interessa é a experiência estética e como ela aguça nossos sentidos.
É isso que senti ao assistir "O cavalo de Turim", do cineasta húngaro Béla Tarr.
Existe sim uma narrativa, aliás uma cronologia bem demarcada por passagens de dias.
É a história do cotidiano duro de um homem e sua filha, que vivem numa casinha isolada de uma inóspita e árida região do interior, que não é de Turim como o título do filme poderia sugerir.
O que na verdade recrudesce a sensação de isolamento é o vento frio incessante durante todo o filme, que incomoda os protagonistas e uiva o tempo todo na tela, como uma metáfora do fim dos tempos.
Não se vê nenhuma plantação ou criação de gado.
O sustento vem de pequenos negócios que o pai trata em suas viagens de carroça puxado por um cavalo que também é personagem do filme.
De repente, aquela realidade que já é precária, começa a degringolar, tirando os personagens da sua "zona de desconforto".
O que era o fim do mundo tolerável agora não será mais. Ou será?
Bem, respostas ao final do filme.
Que vale, como sugeri no começo, pela beleza da fotografia.


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